Na transição entre a seca e as primeiras chuvas, o pasto fica sem vida e precisa de uma atenção extra para uma boa recuperação. Com isso, o pasto seco tende a ser uma preocupação entre os milhares de pecuaristas que atuam com a alimentação do rebanho baseada em forrageira. Para que não falte pastagem e que ela cresça com nutrição e força suficientes para promover a engorda, algumas ações são necessárias. Você vai aprender quais são elas aqui, com a Boi Saúde.
Essa transição entre o período da seca e das águas acontece entre os meses de setembro e outubro, quando as primeiras chuvas começam a cair, amenizando a falta de pasto e oferta de pastagem para o gado.
Como recuperar pasto seco com as primeiras chuvas
Pasto seco, sem quantidade e altura suficientes para alimentar o gado. Esse cenário é a realidade da maioria das propriedades brasileiras que atuam na pecuária.
O pasto se torna seco pela falta de chuvas e nem todos produtores rurais têm condições financeiras ou estrutura adequada para instalação de irrigação. Quando o pasto é bem manejado durante as águas e na seca, logo nas primeiras chuvas, a recuperação acontece naturalmente, com a rebrota das primeiras folhas verdes.
Essas primeiras folhas não fornecem vitaminas, proteínas e minerais necessários não apenas para alimentação, mas também para a nutrição, revertendo para a engorda.
O ponto de atenção aqui é ficar atento quanto inserir o gado nesse pasto para evitar que a rebrota seja consumida e impeça que a forrageira cresça novamente. E quando for inserir o gado nessa primeira rebrota, observe se a diarreia não vai atingir diretamente os animais. Como a primeira rebrota é pobre em fibras, é muito comum esse problema acontecer nessa época do ano. Geralmente, isso acontece em propriedades que atuam acima da taxa de lotação.
Em regiões que ventam muito, o pasto tende a ser mais seco. Para resolver esse problema, o plantio de árvores ajuda bastante. O famoso sistema ILPF traz outros benefícios como amenizar o calor em épocas de alta temperatura.
Com as primeiras chuvas, o pasto começa a reflorescer. As primeiras folhas são as responsáveis por recompor as que estão em reservas. Um erro muito comum é inserir o gado com a taxa de lotação completa antes que todas essas folhas estejam restabelecidas, assim como as reservas recompostas. Com o superpastejo, as plantas são consumidas e morrem comprometendo todo o acúmulo da forragem, antes mesmo da retomada em todo o pasto.
No lugar da forrageira esperada, começam a nascer as ervas daninhas, que competem luz, fertilidade e nutrientes do pasto que deveria ser direcionado para o pasto. Para isso, estabeleça a aplicação de herbicida para época do início das chuvas, quando as ervas daninhas estão mais propícias a tomar conta do pasto, assim como as plantas invasoras.
Outras ações práticas ajudam a recuperação mais rápida do pasto seco:
- Vedação de pasto;
- Adubação logo no início das chuvas, principalmente com fertilizantes nitrogenados entre outubro e novembro, o que aumenta as chances de ter boa pastagem durante toda a estação de águas;
- Pastejo rotacionado;
- Irrigação;
- Fique atento a taxa de lotação (na época da seca, reduza o número de animais por hectare);
Pastagem degradada: por que acontece no pasto?
A pastagem degradada acontece por vários motivos. Trocas frequentes de espécies de forrageira, taxa de lotação acima do ideal, falta de manejo, abuso da intensidade de pastejo resultam em um pasto com solo exposto, baixa produtividade, crescimento frequente de ervas daninhas, deficiência nutricional das plantas e animais, entre outros.
A recuperação ou a reforma é possível, a partir de uma análise técnica sobre o local e também sobre o investimento que a propriedade dispõe para a tarefa.
A recuperação em si, além de ser mais econômica, contribui para a preservação do meo ambiente, já que, após ter o término do trabalho, o solo é conservado, a fertilidade retomada, matéria orgânica volta a ser preservada, assim como a retenção de água. A recuperação de pasto é quando as plantas ali presentes são aproveitadas e com isso, são implementadas técnicas que promovam aquela recuperação. Por ser um método mais barato que a reforma, geralmente é a primeira opção adotada pela propriedade.
Entretanto, nem todos os pastos degradados conseguem se recompor por meio da recuperação, com isso, a reforma é a mais indicada. Esses casos acontecem quando a área de solo exposto é muito grande, grande presença de ervas daninhas, e não há presença suficiente da forrageira adotada como base alimentar do gado.
Essa recuperação é feita por meio de preparo do solo, aplicação de herbicidas dessecantes com foco no plantio de uma nova espécie que pode ser por diferentes vias: semeadura convencional, mudas ou plantio direto.
Antes da recuperação, comece a pesquisar as espécies de forrageiras mais indicadas para o seu solo, clima e região. Existem as mais famosas e utilizadas como capiaçu, braquiária, capim elefante, porém existem muitas outras que apresentam bom resultado focado na nutrição e engorda do gado. O consórcio também é uma boa opção.
Pesquise na região, com seus vizinhos pecuaristas e até peça apoio em associações de pecuária locais. Quanto mais conhecimento você tiver sobre o assunto, melhor aproveitamento terá.
E não custa lembrar que o pasto sozinho não faz milagre. Suplementar a nutrição no cocho, oferecendo os minerais e as proteínas em baixa quantidade no solo melhora o desempenho do gado e ainda reforça o ganho de arrobas extras que a gente tanto precisa no fim da safra.
Nas águas, sal mineral e na seca, sal proteinado. Ou seja, o uso do sal no cocho o ano todo evita que o ganho perca peso, além de proporcionar melhorias na qualidade do produto final e reforçar o organismo do animal contra doenças que causam sofrimento animal.
Referência
Recuperação de pastagens degradadas para sistemas intensivos de produção de bovinos. Circular técnica 38 – Embrapa.
O pasto já está secando. Meu gado vai manter o peso com um bom proteinado? Giro do Boi, 2021.